A conservadora primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, passou no teste dos primeiros 100 dias de governo sem grandes erros nem grandes acertos segundo especialistas.
Para Sofia Ventura, professora de ciência política da Universidade de Bolonha, Meloni “não fez nada particularmente incisivo que indique mudança política ou econômica. No fundo, continuou o caminho do governo anterior, liderado por Mario Draghi, como se viu na aprovação dos Orçamentos sem receber muitas críticas”.
Ainda que a sua chegada ao poder em outubro passado tenha suscitado preocupação na União Europeia ao ver como se formou em Roma o governo mais de direita desde a Segunda Guerra Mundial, a verdade é que a líder da coligação conservadora adotou nestes 100 dias uma postura muito mais moderada do que quando ele estava na oposição.
Preocupada em não assustar seus aliados internacionais, Meloni tem implantado uma política externa tranquilizadora para reafirmar a posição da Itália perante a União Europeia e também perante a OTAN.
“Há uma evidente desproporção entre a descontinuidade radical com relação aos governos anteriores que Meloni prometeu durante a campanha eleitoral e o que fez desde que chegou ao poder”, diz Michele Prospero, professor de ciência política da Universidade La Sapienza, em Roma.
A primeira oportunidade para medir a marcha do governo nas urnas será no dia 13 de fevereiro, quando ocorrerem eleições regionais na Lombardia e no Lácio, os dois territórios mais populosos do país.
Em ambos os casos, as pesquisas preveem uma vitória clara dos candidatos da coligação de direita, o que deve ajudar a manter a paz entre os aliados do Executivo.
Soma-se a isso o estado de coma em que se encontra a principal força da oposição, o Partido Democrático (PD).
Enrico Letta, líder do partido da esquerda, apresentou sua renúncia após o desastre das eleições de setembro. Desde então o PD iniciou uma fase de reflexão interna que terminará com a realização de eleições primárias em 26 de fevereiro para se dotar de um novo secretário-geral.
“Penso que (Meloni) conseguirá governar sem grandes preocupações, pelo menos até às eleições europeias de 2024”, prevê diz Michele Prospero. Lembrando, no entanto, que eventuais crises decorrentes de “rivalidades e egoísmos” dentro dos partidos e coligações nunca podem ser descartadas na Itália.