Medida pretende combater exploração de atletas. Decisão é criticada por oposição
A organização da meia maratona de Trieste, na Itália, programada para o próximo dia 5 de maio, anunciou nesta sexta-feira (26) que nenhum atleta africano poderá disputar a prova.
Segundo Fabio Carini, presidente da APD Miramar, que promove o evento, a medida foi tomada para combater o “mercado de atletas”. “Decidimos aceitar apenas atletas europeus, para fazer com que seja regulamentado aquilo que hoje é um mercado de atletas africanos de altíssimo valor, que são explorados, e não podemos mais aceitar isso”, disse.
Na visão de Carini, organizadores de provas de atletismo na Itália são pressionados por “empresários pouco sérios que exploram esses atletas e os oferecem a custos baixíssimos, em detrimento da dignidade deles”.
“Muitos frequentemente não recebem nada e não são tratados com a justa dignidade como atletas e seres humanos”, acrescentou o presidente da APD Miramar. Essa situação, de acordo com ele, também prejudica atletas italianos e europeus, “que não conseguem ser contratados [por equipes] porque têm custo de mercado”.
A medida foi criticada por membros do Partido Democrático (PD), de centro esquerda. “Chegamos aos expurgos no esporte, a última loucura de um extremismo que está se impregnando e desnaturalizando a cidade”, disse a eurodeputada Isabella De Monte.
“Estamos frente ao absurdo: impedir profissionais de participarem de uma prova porque são da África. Atenção, há meses que dizemos: a situação está fugindo do controle, e estamos voltando a tempos escuros”, alertou.
Já o secretário regional do PD em Friuli Veneza Giulia, Cristiano Shaurli, advertiu que Triste inaugurou a “temporada da discriminação no esporte”. Em 2018, a meia maratona foi vencida por Olivier Irabaruta e Elvanie Nimbona, do Burundi, pequeno país do centro-sul da África.