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Grupo Balbo: usinas de cana foram fundadas por imigrantes italianos

O casal Alexandre e Maria veio para o Brasil e passou a trabalhar na terra, iniciando um legado impressionante para a indústria brasileira

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Grupo Balbo: usinas de cana foram fundadas por imigrantes italianos

O Grupo Balbo, dono de três usinas de cana-de-açúcar, teve origem na chegada de um casal de italianos ao Brasil, em 1891.

A história do Grupo Econômico Balbo tem início no final do século 19, quando o cenário na Itália era de um país enfraquecido pelas guerras de unificação, que tinham trazido um resultado desastroso, principalmente para os camponeses.

Naquele contexto, o Brasil se mostrava como uma verdadeira terra de oportunidades, como demonstravam os folhetos espalhados pelo governo europeu por toda a Europa, oferecendo trabalho e um recomeço de vida em nosso país.

Foi assim que o casal Alexandre Ernesto Balbo e Maria Fazolo Balbo decidiu sair da cidade de Longare, na província de Vicenza, na Itália, para vir tentar a sorte no Brasil, assim como fizeram milhares de outros italianos à época.

Família Balbo chega ao Brasil

Eles desembarcaram no porto de Santos em 1891 e pegaram um trem para São Paulo, depois Campinas e em seguida chegaram a Vinhedo, onde o irmão de Alexandre, que tinha vindo antes da Itália, já trabalhava.

Logo na chegada, o casal sofreu um duro golpe, com as mortes dos dois filhos pequenos, Emiliana e Attílio, vítimas da peste bubônica, ou Peste Negra, como também ficou conhecida. Apesar da tristeza, o casal passou a trabalhar, focando seus esforços naquilo que tinham vindo fazer em seu novo país.

O casal teve sete filhos no Brasil: Olinto, Pedro, Attílio, Marcelo, Altéria, Madalena e Olímpia. Eles trabalhavam nas fazendas de café e esse ofício acabou levando a família até a cidade de Cravinhos, também no interior de São Paulo, onde o filho Attílio Balbo nasceu, em 1894.

No ano de 1900, a família Balbo acabou se mudando para o município de Sertãozinho, também no estado de São Paulo, onde se acomodaram no Engenho Central, mais tarde denominado de Usina Schimidt.

Família Balbo em 1937: Da esquerda para a direita: 1º plano: Argemiro, Alexandre, Attílio, Crescência, Clarinda,Floriana e Mercedes. 2º plano: Waldemar, Menezis, Jácomo Nelson, Hermenegilda, Alcídio, Attílio Filho e Leontino.

Alexandre Balbo adquire terras

Nesse local, Alexandre comprou, em 1903, 50 alqueires de terras, onde montou um pequeno engenho para fabricação de aguardente. Veio uma crise canavieira, a propriedade foi vendida ao Coronel Francisco Schimidt e Alexandre passou a trabalhar como colono, já com a ajuda do pequeno Attílio, de 9 anos de idade.

Attílio trabalhava de dia e estudava à noite e, em 1917, já era ajudante de ferreiro. Nesse mesmo ano, morreu seu pai, Alexandre Balbo, cabendo a Attílio passar a chefiar a família. Com apenas 23 anos, coube a ele a responsabilidade de cuidar da mãe viúva e dos irmãos, todos menores que ele.

Nessa altura, Attílio já era casado desde 1913 com Crescência Carolo Balbo, filha de Jácomo Carolo e de Paschoa Moro Carolo, nascida em 1896 na Fazenda Iracema, município de Ribeirão Preto, atualmente de propriedade da Família Balbo.

No ano de 1927, Attílio já era chefe geral da usina, da oficina e da serraria. Naquele ano, as propriedades dos irmãos Schimidt foram à falência e penhoradas pelo Banco do Estado. Com as economias de décadas de trabalho e mais o empréstimo de um amigo, Attílio comprou 14 alqueires de terras no município de Pontal.

A família Balbo se especializou em usinas de cana-de-açúcar

Attílio vai ganhando experiência

Nas terras adquiridas por Attílio, o principal produto cultivado era cana-de-açúcar, que ele passou a fornecer para a Usina Albertina, de propriedade do Coronel Guilherme Schimidt.

Em 1941, ainda como gerente da usina, Attílio adquiriu em Osvaldo Cruz uma gleba de terra de mata virgem, medindo 18 alqueires, que após quatro anos acabou se tornando uma área com 25 mil pés de café.

No entanto, quatro anos depois Attílio vendeu sua propriedade de cana em Pontal e também a área com café. Em 1946, a usina em Sertãozinho estava recuperada da falência e foi devolvida à família Schimidt. Ainda gerente da propriedade, Attílio fazia um trabalho exemplar, aumentando a produção da propriedade.

Attílio (terno branco) no Estádio de Futebol Attílio Balbo, na Usina Santo Antônio

A independência chega

Mas o que ele queria era a independência, que veio ainda em 1946, quando comprou sete alqueires de terras em Sertãozinho e constituiu a sociedade Attílio Balbo & Filhos. Foi o início da Usina Açucareira Santo Antônio.

A experiência adquirida durante anos como gerente de usina resultou na moagem de 16 mil toneladas de cana-de-açúcar e na produção de 1.664 toneladas de açúcar (27.733 sacas de 60 quilos) na primeira safra, em 1947.

Dali em diante, os negócios não pararam de crescer. Em 1958, foi iniciada a produção de Etanol Anidro e Hidratado. Na década de 1960, Attílio comprou duas novas usinas, a Santana e a Perdigão, em Sertãozinho e Ribeirão Preto.

No ano de 1977, o Grupo Balbo comemorava a produção de um milhão de sacas de açúcar de 60 quilos, em 30 anos de atividades da empresa.

Casa onde a família Balbo viveu, no Engenho Central

Diversificação de produtos

Veio a década de 1980 e o Grupo Balbo iniciou o Projeto Cana Verde, primeiro passo da migração para o processo de produção de cana orgânica. Em 1987 iniciou o projeto Bioenergia Cogeração, com a Usina São Francisco S/A, primeira a se interligar ao sistema elétrico de distribuição e a comercializar energia com a rede.

Naquele mesmo ano, a administração do grupo definiu como meta agregar valor aos produtos originários da cana, para acessar novos mercados. A missão da empresa passou a ser a exploração do potencial da cana-de-açúcar e outros produtos agroindustriais.

Na década de 1990 a Usina Santo Antônio passou a comercializar a levedura seca, ingrediente e aditivo para alimentação animal. Enquanto outras usinas descartavam a levedura, microrganismo utilizado na fabricação do etanol, o Grupo Balbo passou a secar, industrializar e vender o produto. Na mesma década, o grupo iniciou a fabricação de açúcar orgânico.

Na década seguinte, o grupo firmou parceria com a Usina da Pedra e instalou em Serrana a primeira planta piloto para produção de plástico biodegradável a partir do açúcar da cana (PHB). Também nos anos 2.000, a empresa passou a comercializar crédito de carbono e a produzir álcool neutro orgânico, utilizado na indústria de cosméticos.

Em 2008, foi inaugurada a Usina Uberaba, localizada no município de Uberaba, estado de Minas Gerais. A usina é resultado de uma parceria entre o Grupo Econômico Balbo e a empresa Caldepar Empreendimentos e Participações Ltda, subsidiária da empresa Caldema Equipamentos Industriais.

O fruto do trabalho

Atualmente as usinas Santo Antônio e São Francisco, em Sertãzinho, e Uberaba, em Uberaba, controlam ou são acionistas de outras empresas, como a Native Produtos Orgânicos, a PHB Industrial S.A, a Agropecuária Iracema Ltda e a Vicenza Empreendimentos Imobiliários Ltda, responsável pelas atividades imobiliárias do Grupo Econômico Balbo.

A empresa tem uma linha competa de produtos orgânicos

Hoje, o Grupo Econômico Balbo possui capacidade de processar 6,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzir 300 mil toneladas de açúcar e 330 milhões de litros de etanol. As três usinas do grupo exploram juntas 39.800 hectares de áreas, onde são produzidas aproximadamente 3,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Além dos produtos orgânicos, o grupo também produz e comercializada energia elétrica.

O grupo Balbo fechou a safra 2020/21 com um lucro de R$ 287,97 milhões, crescimento de 98% diante da temporada anterior, quando contabilizou R$ 145,43 milhões.

Essa história de amor ao trabalho e à terra, que resultou em estrondoso sucesso para a família Balbo – e que iniciou quando o casal de italianos Alexandre e Maria resolveu vir para o Brasil – é mais uma prova da força da herança italiana em nosso país.

Por Roberto Schiavon / Italianismo

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