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Deputada italiana defende cidadania para descendentes: ‘facilitar, não dificultar’

Elena Donazzan, do Fratelli d’Italia, defende regras mais simples para cidadania de descendentes italianos.

Elena Donazzan defende regras mais simples para cidadania de descendentes italianos | Foto: La Voce del Patriota
Elena Donazzan defende regras mais simples para cidadania de descendentes italianos | Foto: La Voce del Patriota

A eurodeputada italiana Elena Donazzan, do partido Fratelli d’Italia (FdI), criticou a reforma do governo que impõe novos limites ao reconhecimento da cidadania para descendentes de italianos no exterior. A mudança foi aprovada na sexta-feira (28) e afeta, sobretudo, oriundi de quarta e quinta gerações.

“É um erro cultural do centro-direita”, afirmou Donazzan. “Essas pessoas têm sangue italiano, têm amor pelo sobrenome e pela pátria. É um desperdício não permitir que reconstruam esse vínculo”, disse ao Corriere del Veneto, neste sábado.

Para a eurodeputada, do mesmo partido da primeira-ministra Giorgia Meloni, essa medida é injusta, principalmente diante de gastos públicos com estrangeiros que entram na Itália de forma irregular. “Monetizar sobre os nossos oriundi é errado”, disse.

Donazzan defendeu que o processo seja simplificado, e não dificultado. Segundo ela, documentos como os registros antigos das paróquias devem ser valorizados. “Se há um certificado de descendência, a porta precisa estar aberta, desde que haja controle rígido dos documentos”, afirmou.

Em sua atuação no governo regional, ela participou da criação de parcerias com instituições como os Salesianos, com o objetivo de formar trabalhadores descendentes de italianos antes da chegada ao país. “A nossa demografia e a demanda por mão de obra caminham juntas”, explicou.

Para Donazzan, priorizar os descendentes no acesso ao mercado de trabalho é estratégico. “Nenhuma empresa quer trabalhadores sem alfabetização linguística. Os oriundi têm mais afinidade cultural e profissional”, disse. Ela defende também que as Câmaras de Comércio e associações no exterior ajudem a organizar esse fluxo.

Segundo a deputada, o caminho para recuperar esse elo com os italianos no mundo já existe. “As associações fazem a ponte entre a oferta e a demanda. Depois de estruturado, o processo flui naturalmente”, completou.

Leia a entrevista na íntegra:

Eurodeputada Donazzan, há tempos os municípios pedem uma revisão da lei sobre cidadania e o governo agora a realizou. A senhora concorda?
“Uma pena, digo que é uma pena. É bom querer evitar caminhos pouco claros e situações no limite, sempre fui convencida disso. Mas, de forma voluntária, é importante redescobrir as raízes, até dos trisavôs. Eu vi isso no Vêneto, vi quarta, quinta geração tendo amor pelo próprio sobrenome, pelo próprio país, e é uma pena não permitir que isso seja reconstruído”.

A taxa para descendentes também será aumentada. A senhora concorda?
“Monetizar em cima dos nossos descendentes é errado. Sobretudo se entram, nos invadindo, culturas e identidades diferentes da nossa e somos nós que pagamos as despesas de saúde, alimentação, documentos. A um italiano de quarta geração se diz não, você tem que pagar por querer entrar de forma regular. Acho que é um erro cultural da centro-direita, que deveria, ao contrário, favorecer a identidade”.

Mas o problema nos municípios era evidente, não acha?
“Os números são tão altos porque os ‘Vênetos no mundo’ fizeram um grande trabalho de conscientização. É claro que há muitos pedidos nos municípios com alta taxa de migração, como a nossa região montanhosa”.

Mas cinco gerações não é demais?
“Acho engraçado que aceitemos qualquer um que chegue, mesmo que não saiba fazer o juramento em italiano. Mas nos indignamos com a quinta geração de descendentes, com sangue italiano. Eu acredito que a identidade é um elemento fundador, é senso de pertencimento, ajuda a trabalhar e viver melhor”.

Então, para a senhora, o que é necessário?
“Tornar a cidadania mais simples, não mais complicada. Os trâmites nos municípios devem ser facilitados, as paróquias têm registros muito antigos e úteis. Devemos ser duríssimos com o comércio de passaportes. Mas se há um certificado de descendência, essa pessoa deve ter as portas abertas. É um percurso que deve ser reforçado também com controles rígidos nos documentos e nas gerações de quem quer vir à Itália para viver e trabalhar de maneira regular”.

Na região, a senhora havia trabalhado em vias preferenciais para trazer mão de obra italiana do exterior. Em que consiste a proposta de vocês?
“É uma convicção minha há tempos: nossa demografia e a demanda por mão de obra andam juntas. E quem pode ser mais capacitado e parecido conosco? Nenhuma empresa ou associação de categoria pede um trabalhador que não tenha alfabetização linguística, além das competências”.

E como vocês procederam?
“Abrimos canais com os ‘Vênetos no mundo’, fizemos um acordo com os salesianos, que depois se tornou a espinha dorsal do Plano Mattei da primeira-ministra Meloni no capítulo sobre capital humano. Os salesianos continuam sendo o sujeito responsável pela formação nos locais de origem, para que cheguem pessoas preparadas cultural, linguística e profissionalmente”.

E houve resultados?
“Alguns chegaram, outros foram identificados. Os ‘Vênetos no mundo’ e as Câmaras de Comércio podem abrir candidaturas de disponibilidade e ajudar com os documentos, criando o ponto de encontro com o território, entre oferta e demanda. Depois que estruturamos o percurso, ele se tornou quase espontâneo e o diálogo entre o indivíduo e as associações continua. Reconstruir um vínculo com esses vênetos no mundo, na minha opinião, é muito importante”.

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