Mario Draghi, novo primeiro-ministro, está alavancando suas relações europeias e sua sólida reputação para fazer da Itália uma força no continente de uma forma que não acontecia há décadas.
É assim que o The New York Times começa o extenso artigo para falar “Como Mario Draghi está fazendo da Itália um jogador poderoso na Europa“. Justamente o título da reportagem especial.
Em seu curto mandato – ele assumiu o poder em fevereiro desse ano após uma crise política –, Draghi rapidamente fez crescer suas relações europeias e habilidade em navegar nas instituições da União Europeia.
Sua reputação quase messiânica fez da Itália um jogador de peso no continente, segundo Jason Horowitz, redator-chefe do escritório do jornal americano em Roma, que cobre a Itália, o Vaticano, a Grécia e outras partes do sul da Europa.
Draghi estava preparado para liderar a Europa
Cada vez mais, Mario Draghi parece estar falando por toda a Europa, diz o NY Times.
No exterior, sua primeira parada, na Líbia, buscou restaurar a influência italiana em declínio na problemática ex-colônia, que é crítica para as necessidades de energia da Itália e para os esforços para conter a migração ilegal da África.
Ele também não se esquivou de começar uma briga com o líder autocrático da Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan. “Com esses ditadores – vamos chamá-los do que são – é preciso ser franco ao expressar a diversidade de pontos de vista e visões da sociedade”, disse Draghi.
Mas foi dentro da própria União Europeia que Draghi mostrou que “a Itália agora está dando um soco acima de seu peso”.
Draghi apreendeu um carregamento de vacinas com destino à Austrália – e com elas, uma oportunidade de mostrar que uma nova força agressiva e potente havia chegado ao bloco europeu.
Sua atitude abalou a liderança de Bruxelas que parecia adormecida com a mudança.
Em poucas semanas, em parte por causa de sua pressão e engenharia nos bastidores, a União Europeia autorizou medidas ainda mais amplas e severas para conter as exportações de vacinas Covid-19, extremamente necessárias para a Europa.
Com sua amiga chanceler Angela Merkel, da Alemanha, deixando o cargo em setembro, o presidente Emmanuel Macron, da França, enfrentando eleições difíceis no próximo ano e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lutando para demonstrar competência, “Draghi está prestes a preencher um vácuo de liderança na Europa“, diz o NYT.