O ex-presidente Jair Bolsonaro deve enviar uma mensagem em vídeo para uma manifestação em apoio ao vice-premiê e ministro da Infraestrutura e dos Transportes da Itália, Matteo Salvini, que arrisca pegar seis anos de prisão por ter impedido o desembarque de um navio com migrantes forçados resgatados no Mar Mediterrâneo.
O ato acontecerá no próximo domingo, em Pontida, na Lombardia, palco de um tradicional evento anual do partido nacionalista Liga, liderado por Salvini.
“São esperadas numerosas delegações estrangeiras e alguns ‘grandes’, como o [premiê] húngaro Viktor Orbán, o holandês Geert Wilders e o português André Ventura”, diz um comunicado da legenda.
“Marine Le Pen e Jordan Bardella, empenhados em uma manifestação política na França, mandarão uma mensagem em vídeo, assim como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro”, acrescenta a nota.
Segundo a Liga, já foram coletadas mais de 100 mil assinaturas em uma petição em apoio a Salvini, que é acusado pelo Ministério Público de Palermo de sequestro de pessoas e omissão em documentos oficiais.
O caso diz respeito a uma ordem emitida pelo líder nacionalista quando ele era ministro do Interior, em agosto de 2019, para impedir o desembarque de 147 migrantes resgatados no Mediterrâneo pelo navio da ONG espanhola ProActiva Open Arms.
Na ocasião, a embarcação ficou 20 dias estacionada em frente à ilha de Lampedusa, e a maior parte das pessoas a bordo só pôde descer na Itália após uma intervenção da Justiça Administrativa, que determinou o desembarque por motivos sanitários.
O MP pediu a condenação de Salvini a seis anos de prisão, com o argumento de que um náufrago deve ser salvo independentemente de sua “classificação, seja migrante, passageiro ou tripulante”.
“Há um princípio fundamental indiscutível: entre os direitos humanos e a proteção da soberania do Estado, são os direitos humanos que devem prevalecer no nosso sistema jurídico, felizmente democrático”, disse o Ministério Público.
Já o vice-premiê alega inocência e que agiu para proteger as fronteiras contra “imigrantes ilegais”. (ANSA)