O local, que tem uma praça inspirada em Michelangelo, já recebeu visitas de mais de 50 mil italianos antes da inauguração formal
Sede do Vaticano e do papa, o título de Roma de centro mundial da Igreja Católica Romana é incontestável. Mas a cidade hospeda também a maior mesquita da Europa ocidental, o maior templo do Reino das Testemunhas de Jeová do continente, e, a partir deste ano, o maior centro da Europa da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
O enorme templo mórmon, que ocupa uma superfície de 60 mil m² perto do anel viário externo de Roma, no topo de uma colina, levou cerca de dez anos para ser construído, e não poderia passar despercebido, porque desperta a curiosidade dos romanos, independentemente do seu credo.
Isso talvez explique a razão pela qual tantos italianos – mais de 50 mil – visitaram o edifício na abertura ao público, antes de sua consagração, em março. Depois disso, somente os membros da igreja considerados idôneos poderão entrar, embora todos sejam bem-vindos, afirmaram os seus representantes. “É interessante descobrir outros credos, é uma abertura para o mundo”, disse Antonella Gamberoni, uma bibliotecária de Roma que o visitou recentemente.
Neste país predominantemente católico, os mórmons que conhecemos são os jovens de rosto limpo, bem arrumados, que falam italiano com sotaque americano, em geral ignorados quando fazem evangelismo. Mas Antonella disse que queria compreender melhor outras crenças. “Roma é uma cidade universal, e isto é importante”, afirmou.
A relação histórica de Roma com os primeiros apóstolos Pedro e Paulo, que acredita-se tenham morrido aqui, foi um dos motivos pelos quais a Igreja mórmon estava ansiosa por erguer uma casa de oração na cidade.
“Em geral, construímos um templo em uma capital em um local conveniente para os seus membros”, disse Alessandro Dini-Ciacci, responsável pela Igreja mórmon na Itália, que conta com 26 mil membros. “Roma tinha este espaço, mais a vantagem de ser um centro do cristianismo.”
O novo templo, o 13º da Europa, atenderá a Itália, Malta, Grécia, Chipre, Albânia e partes da Romênia. A Igreja mórmon tem hoje meio milhão de fiéis na Europa e 17 milhões no mundo todo. Os seus templos em geral são projetados levando em conta a cultura local.
Aqui, o complexo, que inclui uma casa de hóspedes e um centro para os visitantes, é organizado ao redor de uma praça arborizada, com uma fonte no meio. “Em Roma, precisávamos ter uma grande praça, como o Forum”, disse Dini-Ciacci.
Um motivo decorativo visto em todo o tempo foi inspirado em parte no projeto de Michelangelo para a Piazza Del Campidoglio, no topo do Monte Capitolino, em Roma. “Os italianos gostaram do motivo de Michelangelo”, disse Gordon Walker, um mórmon dos Estados Unidos que trabalhava como voluntário no dia da visita. “Falei com alguns que disseram: ‘Este é o nosso templo, porque ele representa Roma’.”
Por Elisabetta Povoledo / The New York Times