Enquanto Salvini e a Liga exigem a saída de Maduro, o M5E e o seu líder, Luigi di Maio, defendem o princípio da não ingerência nos assuntos de outros países
O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, anunciou hoje que a posição do seu executivo sobre a crise na Venezuela será divulgada na terça-feira (12), quando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Enzo Moavero, for ao parlamento falar dessa questão.
Salvini, que discursava em uma conferência de imprensa na Câmara dos Deputados, acrescentou que se reúne hoje com uma delegação do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.
“Tenho que me reunir hoje com uma delegação do parlamento venezuelano, que é o único organismo legitimamente responsável, já que o presidente Nicolás Maduro não é reconhecido como tal pela comunidade internacional”, acrescentou.
Matteo Salvini indicou que o “objetivo são eleições livres, democráticas, pacíficas e transparentes o mais rápido possível”, sublinhando que não é ele que decide “quem é o presidente da Venezuela”.
Na Itália, país governado por uma coligação da Liga (extrema-direita) e o Movimento Cinco Estrelas (M5E, populista), espera-se ainda uma decisão sobre a questão venezuelana.
Enquanto Salvini e a Liga exigem a saída de Maduro, o M5E e o seu líder, Luigi di Maio, defendem o princípio da não ingerência nos assuntos de outros países.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia reconheceram Guaidó como presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro já provocou 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.