A nova obsessão do Instagram tem endereço certo: Itália, vilarejos pequenos, muros de pedra e preços que cabem no bolso de quem sonha com o “dolce far niente”.
Basta rolar o feed para dar de cara com vídeos de influenciadores empolgados, apontando para ruínas com potencial. Brasileiros, argentinos e até americanos. Todos com a mesma fórmula: trilha inspiradora, imagens aéreas e a promessa irresistível de que você pode comprar uma casa na Itália por somente 25 mil euros.
Mas será que é tudo tão simples assim?
A verdade por trás da vitrine
Sim, é possível encontrar imóveis por esse valor. Mas com uma condição: é preciso abrir mão de localização, estrutura e, em muitos casos, da ideia de entrar com a mala e dormir no primeiro dia.
As casas de 25 mil euros estão, em sua maioria, em áreas rurais ou em vilarejos pouco conhecidos do Sul da Itália e outras pequenas cidades com baixa densidade populacional na região de Molise. “O cliente precisa entender que são imóveis antigos, muitas vezes abandonados ou de herdeiros, que exigem reformas profundas, em regiões esquecidas pelos próprios italianos”, diz Giorgio Colombo, da rede imobiliária Tempocasa, em Milão.

Onde procurar?
Os principais sites imobiliários da Itália, como Immobiliare.it, Idealista e Subito.it, permitem filtrar as buscas por faixa de preço e região. Há também grupos em redes sociais voltados para oportunidades de baixo custo, como páginas no Facebook com ofertas de imóveis a preço simbólico.
Palavras-chave como “rudere” (em ruína), “da ristrutturare” (para reformar) ou “immobile da sistemare” (precisa ser ajustado ou arrumado) ajudam a identificar esse tipo de oferta. Mas é preciso atenção redobrada: o preço baixo muitas vezes cobre só o esqueleto da casa.
Cuidado com os custos ocultos
Além dos 25 mil euros anunciados, o comprador deve considerar gastos com impostos, taxas notariais, escritura, registro e, principalmente, reforma. Segundo Colombo, “é razoável reservar de 10 mil a 20 mil euros extras para deixar o imóvel em condições mínimas de uso”.
Dependendo do estado da construção, esse valor pode ser ainda maior, conta ele.
Vale a pena?
Se você tem flexibilidade, paciência e está disposto a assumir uma boa dose de burocracia, pode valer sim. “Há casos de estrangeiros que reformaram pequenas casas por valores totais entre 35 mil e 50 mil euros e hoje vivem ou alugam os imóveis”, diz Colombo.
Além disso, segundo ele, em algumas regiões, existem incentivos e bônus fiscais para quem decide restaurar imóveis antigos.
Mas a ideia de que é só desembarcar na Sicília ou no Piemonte e sair com uma escritura na mão, como mostram alguns vídeos, “passa longe da realidade”.
Antes de seguir o influenciador, siga um engenheiro
Antes de qualquer decisão, a recomendação do consultor é: visite o local, consulte profissionais técnicos e peça orçamentos detalhados de reforma.
Isso evita surpresas e ajuda a entender se a casa dos sonhos não vai virar um pesadelo com sotaque italiano.





























































