Um novo amplo estudo sobre a origem da uva cultivada por humanos e do vinho indica que ambos os eventos ocorreram quase de maneira concomitante há 11 mil anos. O cultivo e a produção da bebida surgiram em duas regiões distantes geograficamente em cerca de mil quilômetros: na área do Cáucaso e no Oriente Médio.
A pesquisa fez o inédito uso de análise genética de mais de três mil tipos diferentes de uvas provenientes de coleções privadas e de exemplares nunca documentados, como de subtipos de parreiras da Armênia. A constatação é de que as uvas consideradas “de mesa” atualmente são de variedades do Oriente Médio, já as usadas para os vinhos são da Geórgia e redondezas.
O estudo, que foi publicado na revista “Science”, foi liderado pelos chineses da Universidade Agrária de Yunnan, do Laboratório Estatal de Genômica Agrícola de Shenzen e da Academia Chinesa de Ciências de Pequim, e contou com a colaboração dos italianos das universidades de Milão, Milano-Bicocca e Mediterrânea de Reggio Calábria, do Centro Nacional para a Biodiversidade (NBFC) de Palermo e do Conselho Nacional das Pesquisas (CNR).
Mesmo que as uvas e os vinhos sejam considerados de longo e antigo consumo pela humanidade, até hoje não se sabe a origem exata do cultivo e da bebida.
O que se acreditava é que o cultivo das espécies do vinho (Vitis vinífera) teria nascido de uma domesticação da variedade selvagem (Vitis sylvestris), na Ásia ocidental antes do advento da agricultura e dos tipos de uvas “de mesa”.
Mas, o novo estudo indica que os processos de cultivo e da invenção da bebida foram realizados simultaneamente nas duas áreas geográficas. O período da criação do vinho era apontado em 15 mil anos, o que a pesquisa de agora desmentiu.
Os pesquisadores ainda conseguiram identificar de forma inédita alguns genes que são relativos ao sabor, cor e consistência da uva, o que pode ajudar os viticultores no futuro a melhorar os seus produtos e tornar variedades atuais mais resistentes às mudanças climáticas. (ANSA).