Sim, tem Uber na Itália. Mas por que a multinacional americana, prestadora de serviços eletrônicos na área do transporte privado urbano, não é popular?
Ositalianos são obcecados por aplicativos. Seja para entrar na fila dos correios, para localizar as fontes clássicas de Roma quando alguém está morrendo de sede, ou para a entrega de alimentos.
Glovo,To Good To Go, Moovit, JustEat, Trenit, Deliveroo e tantos outros aplicativos estão em quase todos os smartphones, menos a Uber.
A verdade é que os italianos não são resistentes a tecnologias inovadoras. Os pedidos de compra pela Internet e comida para viagem aumentaram drasticamente durante a pandemia e mudaram os hábitos de todos para sempre em muitas regiões.
A Uber está presente na Itália desde 2013, mas em 2017 a associação de táxis processou a gigante do Vale do Silício.
Em abril daquele ano, um tribunal italiano bloqueou a operação da empresa no país.
A razão? “O serviço constituiu concorrência desleal”. A Uber também foi proibida de promover e fazer publicidade dos seus serviços na Itália.
A empresa tem um histórico de reação negativa de taxistas locais, por exemplo.
Após o julgamento, o advogado da Uber na Itália comentou: “Vamos recorrer desta decisão que se baseia em uma lei de 25 anos. Agora o governo não pode perder mais tempo e precisa decidir se deseja permanecer ancorado no passado, protegendo lucros privilegiados, ou se deseja permitir que os italianos se beneficiem de novas tecnologias”.
Quando a Uber percebeu que encontraria muita resistência da associação de táxis, decidiu mudar de marcha. Tiraram do mercado o conceito Uber Pop, onde motoristas particulares podiam ingressar na empresa sem carteira de clientes, como em outros países.
Esse era o ponto-chave que enfurecia os taxistas, já que o custo para tirar a própria carteira é alto na Itália.
A jornada para se tornar um motorista de táxi no país é repleta de desafios, onde os números são limitados por cidade e novas licenças não são criadas. Com razão, os taxistas lutaram para manter um mercado que já estava desaparecendo.
Então, a Uber reelaborou uma estratégia para se concentrar na Uber Eats – o serviço de entrega de comida que rapidamente se tornou muito popularna Itália.
E quanto às viagens regulares de carro? Bem, a Uber Taxi permite que os passageiros reservem um táxi no aplicativo, mas não um motorista particular. A empresa ouviu as reclamações e se adaptou. No momento, apenas algumas cidades o têm: Turim, Bolonha, Nápoles, Milão e Roma. O número de motoristas também é muito baixo: cerca de 1.000 em todo o país.
Espera-se que a Uber continue crescendo, mas uma campanha de marketing fracassada e um início interrompido podem ser a razão pela qual as pessoas demoram a incluí-la em suas vidas.
Em Roma, a maioria das pessoas já tem seu próprio carro, por isso também é muito fácil conseguir uma carona de um amigo ou parente para o aeroporto; e em cidades como Turim ou Milão o transporte público é bem desenvolvido.
De acordo com as estatísticas de 2019, 72% da população italiana nunca reservou um carro através de aplicativo.