Deputado diz que solicitou esclarecimentos em Roma, mas pedido foi engavetado
O deputado Luis Roberto Lorenzato pediu clareza no prazo para residência de ítalo-brasileiros durante o processo de reconhecimento da cidadania italiana. O tema é alvo de constantes denúncias do Ministério Público italiano, que vê ilegalidade na prática.
Membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado da Lega – e eleito no Brasil – comemorou a atuação da polícia italiana, que revelou um esquema criminoso no Piemonte.
“Finalmente um vislumbre de luz sobre o negócio da falsa cidadania. Brilhante atuação da polícia de Vercelli, que desmantelou uma associação criminosa dedicada à corrupção e que visava a emissão de falsas cidadanias em favor de cidadãos brasileiros“, publicou em sua página no Facebook.
Mas o parlamentar assinala a demora nas filas dos consulados italianos no Brasil como fator gerador para o aumento da corrupção. Situação que não é registrada em nenhum outro consulado do mundo, diz ele.
“Uma vergonha planetária. Nem mesmo na Argentina e na Venezuela, países já atormentados por problemas gravíssimos (acontece essa demora), escrever Lorenzato.
“Será que atrás desses tempos bíblicos existem outras lógicas completamente alheias à odiosa burocracia? Da série: ‘Crie dificuldade para vender facilidade”, perguntou o deputado.
Ainda segundo a publicação, ele afirma que pediu esclarecimentos ao ministro Luigi Di Maio há meses, “mas evidentemente ficaram nas gavetas da Farnesina”.
Entenda o problema
Ter uma residência na Itália é um dos requisitos para os que têm direito à cidadania italiana pleitearem o reconhecimento em solo italiano.
Para o Ministério Publico da Itália, a residência temporária para o processo de cidadania italiana é ilegal.
Mas quanto tempo é preciso viver na Itália para não ter a residência taxada como falsa?
Não há nas circulares que regulamentam o processo de cidadania italiana um tempo pré-estabelecido. Sendo assim, a questão passa a ser interpretativa.
Brasileiros presos preventivamente
Nesta semana, a polícia da província de Vercelli desmantelou mais uma quadrilha que praticava corrupção para facilitar o reconhecimento de cidadania italiana jus sanguinis (“direito de sangue”) para brasileiros.
O caso ocorreu na cidade de Crescentino, noroeste da Itália. Por meio de interceptações telefônicas e microcâmeras instaladas em escritórios municipais, os investigadores conseguiram documentar pagamentos em dinheiro para servidores públicos.
Segunda a policia italiana, os brasileiros presos preventivamente mantinham escritórios na cidade de Criciúma, em Santa Catarina, e em Verona, na Itália.
Mais de 150 cidadanias devem ser canceladas. Segundo o Ministério Público, a empresa oferecia “pacotes” de até 4 mil euros para obtenção da cidadania.