Enquanto milhares sonham em obter a cidadania italiana, Riccardo Consoli, de 30 anos, natural de Capaccio, na região da Campania, fez o caminho inverso. Em busca de melhores oportunidades e um futuro mais acolhedor, ele renunciou à sua cidadania italiana e abraçou a espanhola.
Sua história, que comoveu a todos que a conheceram, começa em sua cidade natal, onde Riccardo trabalhava em um bar sem contrato e por salários baixos. Uma tentativa de abrir uma agência de viagens também fracassou.
Em 2019, com a esperança de um futuro melhor, Riccardo partiu com um bilhete só de ida para Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Começando como lavador de pratos, ele foi calorosamente recebido pela comunidade local. Lá, conheceu José, com quem se casou civilmente após a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Espanha.
A pandemia da Covid-19 trouxe desafios, mas o casal foi amparado por subsídios do governo espanhol. Mais tarde, mudaram-se para Tenerife, onde Riccardo recomeçou do zero.
Com planos de abrir uma nova agência de viagens, Riccardo decidiu renunciar à sua cidadania italiana e naturalizar-se espanhol.
“A Itália nunca fez nada por mim. Em Capaccio, sempre tive empregos precários: trabalhava em um bar, sem contrato, 14 horas por dia, por 400/500 euros por mês. Com muitos sacrifícios, também graças à minha família, em 2018 consegui abrir uma agência de viagens, mas a experiência durou cerca de um ano: as receitas eram apenas suficientes para cobrir as despesas e eu chegava ao final do mês preocupado se conseguiria continuar. E então tive que fechar. E em Capaccio, eu me sentia julgado: sou homossexual e na Itália ainda há muito a ser feito contra os preconceitos”, disse Consoli ao portal italiano Fanpage.
“Decidi renunciar à nacionalidade italiana e ter apenas a espanhola. As Canárias me acolheram, tanto o governo quanto as pessoas, ninguém nunca me julgou e aqui pude construir um futuro para mim. Na Itália, fui em frente apenas com os sacrifícios meus e da minha família, mas tanto as instituições quanto as pessoas me rejeitaram. Não tenho nada pelo qual agradecer à Itália”, completou.