A Espanha se consolidou como o destino preferido de quem deixa a Itália.
Em 2023, mais de 48 mil italianos se registraram como residentes no país, segundo o Instituto Nacional de Estatística espanhol. O número supera em mais de 150% os dados oficiais italianos e reflete uma tendência crescente entre jovens que buscam melhores perspectivas profissionais e qualidade de vida fora da Itália.
Há apenas uma década, o fluxo era modesto: em 2015, o Istat, instituto italiano de estatísticas, registrava pouco mais de 4 mil italianos migrando para a Espanha. Em menos de dez anos, o número cresceu substancialmente. A Espanha passou de país com baixa atratividade a principal destino dos italianos, superando Alemanha e Suíça.
Hoje, a comunidade italiana em território espanhol chega a 325 mil pessoas. Parte desse crescimento inclui cidadãos de origem italiana, como argentinos com dupla cidadania – pela facilidade do idioma. Ainda assim, a tendência é clara: a Espanha tornou-se a escolha prioritária para quem busca um recomeço.
Mais do que números
A mudança de perfil dos emigrantes chama atenção. Não se trata mais apenas de quem busca emprego. Muitos vêm de regiões com baixo desemprego, como o Vêneto. A mobilidade não é mais forçada pela falta de trabalho, mas motivada por fatores sociais e culturais.
“O país cresce, apresenta poucas dificuldades de inserção e é percebido por muitos jovens italianos como socialmente e culturalmente mais aberto”, aponta o Corriere della Sera.
Em um contexto europeu de maior mobilidade, a Espanha destaca-se por oferecer um ambiente receptivo e dinâmico. A burocracia é mais simples, o mercado de trabalho apresenta estabilidade e os salários, embora similares aos da Itália, são acompanhados por um custo de vida mais equilibrado.
Subnotificação e distorções
O número real de italianos que deixam o país pode ser ainda maior. Muitos não registram a mudança de residência e, por isso, não aparecem nas estatísticas do Istat. Essa subnotificação é comprovada por dados de entrada nos países de destino. Em 2023, a Alemanha contabilizou 44 mil chegadas da Itália, enquanto o Istat reconheceu menos da metade. Na Suíça, a diferença foi superior a 50%.
A emigração, portanto, continua a crescer mesmo com indicadores positivos dentro da Itália: queda no desemprego, aumento no número de ocupados e redução dos inativos.
A saída, hoje, parece menos uma questão de necessidade e mais uma busca por valorização, reconhecimento e futuro.
