A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) completou, nesta segunda-feira (27), 90 dias presa na Penitenciária Feminina de Rebibbia, em Roma.
O Ministério Público da Itália enviou parecer determinante à Justiça local afirmando que a parlamentar não corre risco de violação de direitos humanos caso seja extraditada para o Brasil.
O documento, assinado no último dia 20 pelo procurador Erminio Carmelo Amelio, refuta a tese de perseguição política apresentada pela defesa.
Segundo o MP italiano, as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que levaram à condenação da deputada estão baseadas em “múltiplas provas” consistentes, como documentos apreendidos e gravações telefônicas, tornando “desprovida de qualquer fundamentação” a alegação de perseguição.
Extradição atende a tratados entre Brasil e Itália
O parecer reforça que o pedido de extradição cumpre todos os requisitos previstos no direito processual italiano e no Tratado Brasil-Itália. O procurador destacou que Zambelli é “apenas formalmente cidadã italiana”, sem residência, vínculos sociais ou interesses no país.
Fontes próximas ao governo brasileiro afirmam que o Judiciário italiano “não demonstra disposição em defender uma criminosa que disse ser intocável”. Na avaliação de aliados, as decisões sucessivas na Itália enfraquecem a narrativa de perseguição e apontam para uma provável extradição.
Condenação e fuga do Brasil
Em maio, Zambelli fugiu do Brasil para evitar o cumprimento de uma pena de 10 anos de prisão imposta pelo STF por envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo o Ministério Público italiano, ela teria ordenado a invasão “de forma livre, consciente e voluntária”, contratando o hacker Walter Delgatti Neto para alterar informações oficiais.
A deputada foi presa em Roma após ter seu nome incluído na lista da Interpol. No último dia 8, a Corte de Cassação da Itália — última instância judicial do país — negou o pedido de prisão domiciliar, mantendo-a no regime fechado até o julgamento final do processo de extradição.
Apoio político e apelo à CIDH
O caso chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), acionada por 15 parlamentares aliados de Jair Bolsonaro, entre eles Flávio Bolsonaro e Rogério Marinho. Eles alegam violação de tratados internacionais e prisão arbitrária, tese que também foi rejeitada pelo MP italiano.
Zambelli está há três meses detida em Rebibbia, nos arredores de Roma, e acumula 31 faltas não justificadas na Câmara dos Deputados. Enquanto isso, o processo de cassação do mandato segue parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Linha do tempo
24 de maio de 2025
Zambelli deixa o Brasil pela fronteira com a Argentina, em Foz do Iguaçu, para evitar o cumprimento da pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Junho de 2025
A deputada é condenada pela Primeira Turma do STF a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
29 de maio de 2025
Antes da prisão, Zambelli pede licença do mandato por 127 dias. O deputado Missionário José Olímpio (PL-SP) assume temporariamente a vaga.
Julho de 2025
A Polícia italiana prende Zambelli em Roma, após seu nome ser incluído na lista da Interpol a pedido do ministro Alexandre de Moraes.
8 de outubro de 2025
A Corte de Cassação da Itália nega pedido de prisão domiciliar. Zambelli permanece em regime fechado no presídio feminino de Rebibbia, nos arredores de Roma.
20 de outubro de 2025
O Ministério Público italiano envia parecer à Justiça, afirmando que não há risco de violação de direitos humanos e que a extradição atende aos tratados entre Brasil e Itália.
27 de outubro de 2025
Zambelli completa 90 dias presa na Itália. A Justiça italiana ainda analisa o pedido de extradição apresentado pelo STF.









































 
								
				
				
			 
             
            


 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
							 
				 
				 
				 
				