O papa Francisco morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, às 2h35 no horário de Brasília (7h35 no horário local). A informação foi confirmada pelo Vaticano. O líder da Igreja Católica estava internado em recuperação de uma pneumonia bilateral.
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, foi o primeiro papa latino-americano, o primeiro jesuíta a assumir o cargo e o primeiro pontífice a suceder um papa vivo na era moderna, após a renúncia de Bento XVI, em 2013. Com um papado de quase 12 anos, foi o 266º papa da história da Igreja Católica.
Eleito no dia 13 de março de 2013, Bergoglio foi escolhido durante o segundo dia de conclave, mesmo declarando posteriormente que não desejava assumir o posto.

Uma liderança marcada pela simplicidade e pelo diálogo
Filho de imigrantes italianos, Francisco nasceu em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936. Antes da vida religiosa, formou-se técnico químico e lecionou literatura. Foi ordenado padre em 1969 e, após trajetória na Companhia de Jesus, tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 1997 e cardeal em 2001.
Como papa, defendeu uma Igreja voltada à inclusão, à escuta dos marginalizados e à luta contra a pobreza. Sua escolha do nome papal homenageia São Francisco de Assis, símbolo da simplicidade e defensor dos pobres.
Durante seu pontificado, promoveu reformas internas, especialmente na gestão econômica da Cúria Romana. Incentivou a transparência financeira e combateu irregularidades no banco do Vaticano.

Avanços e críticas
Francisco foi elogiado por abrir espaço a mulheres em cargos de decisão e por permitir bênçãos a casais homoafetivos. No entanto, manteve-se firme na proibição de ordenação de mulheres ao sacerdócio e se mostrou contrário ao aborto.
Também se destacou por seus discursos políticos. Condenou guerras, criticou líderes internacionais e abordou crises humanitárias, como a dos refugiados e a pandemia de Covid-19 — ocasião em que rezou sozinho na Praça São Pedro, vazia, em um dos momentos mais simbólicos de seu papado.
Saúde fragilizada nos últimos meses
Desde fevereiro, o papa enfrentava um quadro de pneumonia, que evoluiu para uma infecção mais grave. Ficou internado por cerca de 40 dias e teve alta há poucas semanas, permanecendo sob cuidados médicos. O Vaticano ainda não divulgou informações sobre o funeral.

Reações e próximos passos
Com a morte do pontífice, a Sé Apostólica entra no período conhecido como “sé vacante”, durante o qual o camerlengo assume funções administrativas. O Colégio dos Cardeais será convocado nas próximas semanas para eleger um novo papa, em conclave no Vaticano.
Francisco deixa um legado de aproximação com os fiéis, reforma institucional e defesa de valores sociais. Seu papado foi considerado um marco de mudança no relacionamento da Igreja com o mundo moderno, embora tenha enfrentado resistência de alas mais conservadoras.

“O Papa Francisco retornou à casa do Pai. Esta é uma notícia que nos entristece profundamente, pois um grande homem e um grande pastor nos deixa. Tive o privilégio de desfrutar de sua amizade, seus conselhos e seus ensinamentos, que nunca falharam, mesmo nos momentos de provação e sofrimento. Nas meditações da Via Sacra, ele nos lembrou o poder do dom, que faz tudo florescer novamente e é capaz de reconciliar o que aos olhos do homem é irreconciliável. E pediu ao mundo, mais uma vez, a coragem de mudar de rumo, de seguir um caminho que “não destrói, mas cultiva, repara, protege”. Caminharemos nessa direção, para buscar o caminho da paz, perseguir o bem comum e construir uma sociedade mais justa e equitativa. Seus ensinamentos e seu legado não serão perdidos. Saudamos o Santo Padre com o coração cheio de tristeza, mas sabemos que ele agora está na paz do Senhor”, escreveu a primeira-ministra da Itália Giorgia Meloni