Eleito com os votos de ítalo-descendentes da América do Norte e Central, o deputado Andrea Di Giuseppe (Fratelli d’Italia, de Giorgia Meloni) anda comemorando o Decreto-Lei 36 que restringe o acesso à cidadania italiana. A medida, aprovada em 28 de março de 2025, pretende acabar com o que ele chama de “comercialização” dos passaportes italianos.
Ele está entusiasmado com o decreto que reforma o modo de obtenção da cidadania italiana. À agência Adnkronos, ele disse que “a Farnesina (Ministério das Relações Exteriores) e o Parlamento estão trabalhando de forma excelente”.
“Todos os anos são ‘criados’ cerca de 90 mil novos italianos. É um negócio bilionário para escritórios de advocacia, associações e até para o crime organizado. A esses grupos não interessa nada da cultura ou do vínculo com a Itália: em muitos casos, inventam parentescos e falsificam documentos de pequenos municípios para criar a conexão que garante a cidadania. O problema atinge em 85% dos casos a América do Sul”, disse Di Giuseppe, que, ironicamente, chegou ao Parlamento graças ao voto daqueles que buscaram esse mesmo documento.
O decreto não revoga o ius sanguinis, mas impõe duras barreiras. A justificativa é coibir fraudes e falsificações, especialmente na América do Sul. Mas o recado é claro: a fila vai andar mais devagar.
Para quem já tem a cidadania, como ele, está tudo certo. Mas para quem ainda sonha em reconhecê-la, talvez seja melhor correr — antes que o “clube dos italianos legítimos” feche as portas.
Di Giuseppe quer garantir que apenas os “verdadeiros” italianos entrem. E ele, eleito por gente com bisavô de Treviso e sobrenome adaptado no cartório, se coloca como guardião dessa pureza.
Em 2002, ele recebeu 6.820 votos, sendo o mais votado para deputado nessa região entre os candidatos da coligação de centro-direita. Ele integra a III Comissão de Assuntos Exteriores e Comunitários da Câmara.