Siga o Italianismo

Olá, o que deseja procurar?

Cidadania

Debate no Senado: governo sinaliza abertura a mudanças no decreto

Senadores reagem com firmeza a decreto da cidadania e pressionam por mudanças em favor dos ítalo-descendentes.

O senador Menia defendeu o decreto durante sessão da Comissão de Assuntos Constitucionais do Senado, mas admitiu que "a norma pode ser rigorosa demais" | Foto: TV Senado
O senador Menia defendeu o decreto durante sessão da Comissão de Assuntos Constitucionais do Senado, mas admitiu que "a norma pode ser rigorosa demais" | Foto: TV Senado

O debate sobre o decreto-lei n.º 36, de 28 de março de 2025, que altera regras para o reconhecimento da cidadania italiana, dominou a sessão da 1ª Comissão Permanente, do Senado, nesta terça-feira, 15.

A proposta tem como alvo práticas consideradas abusivas no reconhecimento por descendência, mas recebeu críticas por afetar milhões de ítalo-descendentes, principalmente na América do Sul.

A senadora Francesca La Marca (Partito Democratico) foi uma das mais contundentes:

“É um erro recorrer a um decreto de urgência. Não há justificativa. O texto foi elaborado sem diálogo com parlamentares eleitos no exterior ou com o CGIE (Conselho Geral dos Italianos no Exterior)”.

Ela alertou para os impactos práticos nas representações consulares: criou-se uma situação caótica. Foram bloqueados os agendamentos para cidadania, inclusive de quem tem direito legítimo”.

Para La Marca, o caminho adequado seria outro: “seria melhor adotar uma prova de língua, cultura e educação cívica, como fazem Canadá e Estados Unidos”.

Roberto Menia (FdI) rebateu os argumentos, afirmando que o decreto visa frear a explosão de pedidos, especialmente do Brasil e da Argentina: “recebemos dezenas de milhares de solicitações baseadas em uma descendência de seis gerações, muitas vezes sem qualquer vínculo com a Itália”, disse.

PUBLICIDADE
Cidadania Portuguesa: consiga aqui a sua
A Bendita Cidadania vai te ajudar na conquista.
Solicite um orçamento

Ele apontou também o lado econômico do processo: “cada pedido custa cerca de 5 mil euros. É um negócio que movimenta milhões”, afirmou, referindo-se a intermediários e estruturas legais envolvidas.

O senador, no entanto, reconheceu que ajustes são necessários:

“A norma pode ser rigorosa demais. Por isso, proponho um teste de italiano nível B1, facilitação para quem quiser retornar à Itália e comprovação periódica do vínculo com o País”.

O texto também determina que quem nasceu no exterior e possui outra nacionalidade será considerado como nunca tendo adquirido a cidadania italiana, com efeito retroativo. Isso impediu novos pedidos após 27 de março.

O senador Antonio Nicita (Partito Democratico) considerou o uso do decreto inadequado:

“É anômalo tratar um direito constitucional com urgência. O foco deveria ser o futuro da população, que envelhece e vê seus jovens emigrando”.

Na mesma linha, Andrea Tosato (Lega) alertou para o desequilíbrio entre controle e vínculo cultural: “É preciso conter abusos, sim. Mas também proteger o sentimento de italianidade nas comunidades do exterior”.

“Essas pessoas são embaixadoras da Itália no mundo. Se não houver equilíbrio, vamos perder o vínculo que elas mantêm com o nosso país”.

Alessandro Cataldi (M5S) classificou como “imprecisa” a justificativa da urgência: “Não se pode tratar um tema que afeta 80 milhões de ítalo-descendentes por causa de queixas de um ou dois municípios do Vêneto”.

O senador sugeriu uma pausa técnica: “Podemos suspender temporariamente as análises para revisar os critérios, apoiar os municípios e avaliar melhor o impacto da retroatividade”.

Já a senadora Dafne Musolino (Italia Viva) apontou contradições na forma e no conteúdo: “O decreto transforma o reconhecimento da cidadania em uma negação de direitos. Quem não pediu até 27 de março perde a chance para sempre”.

Ela considera que o governo deveria priorizar melhorias estruturais:

“Poderíamos ter digitalizado processos ou ampliado os guichês consulares. Optar pela exclusão, sobretudo com retroatividade, é inaceitável”.

Musolino também lembrou o papel econômico dos emigrantes: “Só da Sicília, 300 milhões de euros são enviados por italianos no exterior às suas famílias. Vamos negar cidadania a quem sustenta regiões inteiras?”.

A subsecretária Maria Tripodi, senadora do Forza Italia, agradeceu os “valiosos elementos de reflexão” e sinalizou abertura ao diálogo.

O debate continua na sessão desta quarta-feira, 16 de abril. O governo indicou abertura para considerar emendas (até às 17h, de hoje), mas ainda não há consenso sobre o futuro do decreto.

O Italianismo apurou, por fontes inquestionáveis, que a Lega, partido da base governista, já depositou uma emenda ao texto original. A proposta busca preservar, ao menos em parte, os direitos de descendentes de italianos nascidos no exterior.

O conteúdo da emenda ainda não foi divulgado oficialmente, mas representa um sinal de que parte da maioria busca atenuar os efeitos mais duros do decreto.

Deixa o seu comentário:

Recomendado para você

Cidadania

Vincenzo Odoguardi, do MAIE, critica decreto sobre cidadania italiana e alerta para riscos à identidade cultural dos descendentes no exterior.

Cidadania

Visto gold: justiça da União Europeia condena venda de cidadania e alerta Itália Portugal

Festa italiana

Em 2024, o Festival Di Teres atraiu mais de 100 mil pessoas; Celebração gratuita homenageia a herança ítalo-brasileira.

Cidadania

Forza Italia no exterior expressa apoio à reforma de cidadania italiana proposta por Tajani, que propõe critérios mais rígidos.

Festa italiana

Festa de Quiririm ocorre de 30/04 a 04/05 e celebra a contribuição dos povos para a cultura brasileira. Veja a programação completa.

Cidadania

Ato reuniu 200 pessoas contra medida que restringe nacionalidade a filhos e netos de italianos.

Cidadania

Empresário propõe ação conjunta na Itália contra diplomata que associou ítalo-descendentes a risco à segurança nacional.

Cidadania

Valerio Caruso orienta calma aos ítalo-descendentes e alerta sobre fraudes envolvendo reconhecimento de cidadania italiana após novo decreto.

Cidadania

A Liga, de Salvini, articula oposição ao decreto de cidadania italiana e leva Fratelli d’Italia a recuar, isolando Tajani na própria coalizão.

Cidadania

Mario Borghese afirma que decreto sobre cidadania precisa de ajustes e vê abertura do governo para diálogo construtivo.

Economia

Comunidade ameaça boicotar produtos e empresas italianas após lei que restringe cidadania. Governo italiano já demonstra preocupação.

Cidadania

Manifestações em São Paulo e Roma reagem ao Decreto 36, que limita o direito à cidadania italiana por descendência.