O cantor Jerry Adriani foi um dos artistas que mais honrou a origem de sua família vinda da Itália. Nascido no bairro do Brás, em São Paulo, gravou músicas em italiano, passou pelo rock e fez parte da Jovem Guarda, consagrando-se como um dos grandes nomes da música brasileira.
Jair Alves de Sousa nasceu em 29 de janeiro de 1947 na capital paulista, onde viveu uma típica vida das famílias ítalo-brasileiras nas grandes cidades.
Apaixonado pela música desde cedo, aprendeu a cantar em italiano com sua avó e debutou na carreira fonográfica gravando canções de compositores italianos.
Jerry Adriani, Italianíssimo
Em 1964, depois de um tempo cantando no grupo de rock Os Rebeldes, lançou o disco Italianíssimo, que trazia músicas como O Mio Signore e Um Bacio Piccolissimo.
Naquela época ele já havia adotado o nome artístico Jerry Adriani, em homenagem a dois artistas estrangeiros: o ator norte-americano Jerry Lewis e o cantor italiano Adriano Celentano.
Ainda em 1964, ele gravou seu segundo disco, batizado de Credi a Mi, também trazendo canções italianas, como Ho Chiusco Le Finestre e 24 Ore Al Giorno.
No ano seguinte veio o primeiro disco em português, Um Grande Amor. Na época, passou a apresentar o programa Excelsior a Go Go, na antiga TV Excelsior de São Paulo, ao lado do comunicador Luís Aguiar. Entre os convidados habituais estavam artistas como Os Vips, Os Incríveis, Trini Lopez e Cidinha Campos, entre outros.
Sucesso na TV Tupi
Entre 1967 e 1968, passou a apresentar A Grande Parada, programa da TV Tupi de São Paulo, ao lado de artistas como Neyde Aparecida, Zélia Hoffmann, Betty Faria e Marília Pera. Era um musical ao vivo com apresentações de grandes nomes da música popular brasileira.
Ele também acumulava participações em filmes como ator e cantor, incluindo as produções Essa Gatinha é Minha (1966), Jerry, A Grande Parada (1967) e Jerry em busca do tesouro (1967).
O descobridor de Raul Seixas
Jerry Adriani foi o responsável pela ida do cantor baiano Raul Seixas para o Rio de Janeiro. Os dois eram amigos desde a época em que Raul tinha a banda Raulzito e os Panteras, em Salvador, que chegou a ser banda de apoio de Jerry por três anos.
Entre as músicas do repertório estavam Tudo Que É Bom Dura Pouco, Tarde Demais e Doce, Doce Amor, que foram compostas por Raul e eram interpretadas por Jerry Adriani. Entre 1969 e 1971, Raul Seixas foi seu produtor, até iniciar a carreira solo.
Na década de 1970, Jerry Adriani realizou shows em países como Venezuela, Peru, Estados Unidos, México e Canadá. Em 1975, participou de um musical no Hotel Nacional, Brazilian Follies, dirigido por Caribe Rocha, que ficou um ano e meio em cartaz. Nesse período, embarcou na soul music, gravando canções de Hyldon, Paulo César Barros e Robson Jorge.
Em 1981, Jerry Adriani fez um show no parque de exposição de Governador Valadares, em Minas Gerais, para mais de 30 mil pessoas.
Rock e mais música italiana
No começo da década de 1990, o cantor gravou um disco que trazia de volta suas origens do rock and roll, chamado Elvis Vive, um tributo a Elvis Presley.
Em 1994, a convite do ator e diretor Cecil Thiré, participou da novela 74.5: Uma Onda no Ar, produzida pela TV PLUS e exibida pela Rede Manchete e veiculada também em Portugal, com grande sucesso.
Em 1999, Jerry Adriani lançou o álbum Forza Sempre, com músicas da banda Legião Urbana em italiano. Foi um dos maiores sucessos de sua carreira pós-Jovem Guarda, atingindo a marca de 200 mil cópias vendidas. A canção Santa Luccia Luntana foi incluída na trilha sonora da novela Terra Nostra.
Em 2001, lançou o CD Tudo me lembra você, título da faixa que fez parte da trilha sonora da novela Roda da Vida, exibida pela TV Record. O disco trazia Amor que eu lhe trouxe, de Zeca Baleiro, Fonte Cristalina, de Peninha e Cavaleiro das estrelas, que compôs em homenagem a Raul Seixas.
Em 2002, lançou o CD O som do barzinho 11, no qual interpretrava clássicos da canção italiana, como Canzone per te, Io che amo solo te, Per amore e Cose della vita.
Jerry Adriani e os amigos da Jovem Guarda
Em 2005, participou do projeto Festa de arromba – 40 anos da Jovem Guarda, apresentado durante todo o mês de agosto, no Teatro II do Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. O show passou também por Brasília e São Paulo e teve participações de artistas como Waldirene, Erasmo Carlos e Wanderléa.
Em 2007, gravou o DVD, Jerry Adriani Acústico Ao Vivo, no Canecão, Rio de Janeiro, também lançado em CD, com releituras de sucessos que se tornaram clássicos de sua carreira e algumas canções inéditas.
O intérprete Jerry Adriani
Em seus shows de divulgação do CD, o cantor incluiu sucessos da música pop nacional e internacional, como Monte Castelo (Legião Urbana) e As tears go by (Rolling Stones).
Em 2011, lançou o CD Pop, Jerry & Rock, com homenagens a Raul Seixas e Tim Maia. No ano seguinte, apresentou o show Jerry toca Raul & Elvis, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro.
Em 2014, em comemoração aos 50 anos de carreira, realizou excursão pelo Brasil. Em 2016, gravou o CD e DVD ao vivo Outro Jerry Adriani. A apresentação foi filmada em preto e branco e incluiu sucessos de Ivan Lins (Lembra de mim), Lenine (A medida da paixão) e Nana Caymmi (Resposta ao tempo).
Morte
Jerry Adriani morreu aos 70 anos, em 23 de abril de 2017, vítima de um câncer de pâncreas. A doença evoluiu rapidamente, depois de duas semanas de internação no Hospital Vitória na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
O cantor já vinha tratando uma trombose venosa na perna, mas continuou a fazer shows até pouco antes de ser internado. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju. Jerry tinha três filhos e um neto.
Sobrenome
Segundo o site Cognomix, o sobrenome italiano Adriani é toponímico, com origem no nome de uma localidade. Ele deriva do latim Hadrianus, forma como era chamado o cidadão oriundo da cidade de Hadria, atualmente Ádria, ao sul de Veneza, que originou a denominação Mar Adriático.
Esse sobrenome tem várias linhagens, em áreas como Vicenza, Florença, Ilha de Elba, Livorno, Perugia, Abruzzo, Teatine, Teramo, L ‘Aquila, Rieti, Frosinone, Roma e Bari.
Existem aproximadamente 644 famílias Adriani na Itália, com maior predominância no Lázio (242), Umbria (67) e Abruzzo (67).
O sobrenome Adriani é 893° em popularidade na região da Úmbria, o 345º na província de Rieti e o 11º mais popular na cidade de Marciana Marina (Livorno).