O FamilySearch, plataforma mantida pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (os mórmons), deixou de exibir milhares de registros civis e militares italianos provenientes dos Archivi di Stato (Arquivos do Estado).
A mudança ocorreu após solicitação do Ministério da Cultura da Itália, que alterou os termos do contrato de digitalização firmado com a instituição religiosa norte-americana.
A informação foi divulgada pelo genealogista brasileiro Gustavo Pedroso, do site especializado Genealogices, em publicação no grupo “Cidadania Italiana – Área Livre!!!“, no Facebook.
O bloqueio afeta principalmente usuários que buscam documentos para processos de cidadania italiana ou pesquisas genealógicas.
“Infelizmente, na segunda metade do ano passado, houve uma mudança no contrato e o Ministério da Cultura pediu para o FamilySearch retirar acesso a esses documentos. Agora, infelizmente, os registros italianos cuja fonte é o Archivio di Stato não estão mais disponíveis no FamilySearch, nem indo em CHF (Centros de História da Família)”, explicou Pedroso.
Esses documentos estavam disponíveis graças a um contrato firmado entre o FamilySearch e a Direzione Generale degli Archivi, órgão vinculado ao Ministério da Cultura da Itália. Embora não tivesse prazo determinado, o acordo previa cláusulas de rescisão unilateral.
Essa medida já havia sido adotada em outros contextos. Em 2024, a diocese de Piracicaba, no interior de São Paulo, também solicitou a retirada do acesso aos seus livros de registro digitalizados pela plataforma.
No Brasil, decisão semelhante foi tomada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que em 2024 determinou que a digitalização de registros civis brasileiros depende de autorização prévia do ON-RCPN (Operador Nacional do Registro Civil das Pessoas Naturais).
A entidade representa os cartórios brasileiros e já se manifestou contrária ao acesso irrestrito a esses documentos por plataformas estrangeiras como o FamilySearch.
Alternativas e limitações
Grande parte dos registros civis italianos bloqueados pode ser consultada no Portale Antenati, plataforma pública mantida pelo próprio Ministério da Cultura da Itália. No entanto, a digitalização ainda é parcial. Regiões como a província de Vicenza, por exemplo, têm cobertura incompleta.
Outro impacto relevante foi a perda do acesso a registros militares de diversas regiões, como Aosta, Calábria, Lombardia, Piemonte e Sicília. Esses dados estavam disponíveis nos Centros de História da Família (CHF), ligados à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, onde era possível pesquisar nomes mesmo sem saber o comune de origem.
Agora, a única alternativa é aguardar que esses documentos também sejam digitalizados e disponibilizados pelo Antenati. Não há, até o momento, previsão oficial para a conclusão desse processo.
Pedroso faz um alerta: “façam a pesquisa no FamilySearch enquanto podem. Pode ser que uma hora mude o contrato e acabe o acesso daí complica bem mais”.