Os parlamentares italianos começarão a votar para eleger o novo presidente do país em 24 de janeiro, com o primeiro-ministro Mario Draghi sendo um dos principais candidatos, em um processo que pode durar diversos dias e provocar turbulências políticas.
A data da primeira votação secreta para a escolha do sucessor do presidente Sergio Mattarella foi anunciada nesta terça-feira pelo presidente da Câmara dos Deputados, Roberto Fico.
Mais de mil deputados, senadores e representantes das 20 regiões italianas votarão no Parlamento em Roma, em um processo que foi comparado à eleição de um novo Papa.
Draghi, de 74 anos, é regularmente indicado como uma das principais possibilidades de sucessão de Mattarella, cujo mandato de sete anos termina no início do próximo mês.
A mudança do atual premier para o Palácio Quirinale, como é conhecido o palácio presidencial, encurtaria o mandato do governo e poderia desencadear uma eleição geral antecipada, na qual pesquisas recentes mostram a provável vitória de uma coalizão de centro-direita.
Os mercados estão acompanhando inquietamente os eventos, já que o ex-presidente do Banco Central Europeu está liderando o processo de reativação econômica da Itália e é visto como o fiador de mais de € 200 bilhões (R$ 1,28 trilhões) do fundo de recuperação da União Europeia (UE) que o país receberá nos próximos anos.
Um eventual governo chefiado pelo líder da sigla da direita radical Liga, Matteo Salvini, desestabilizaria os mercados devido aos seus confrontos anteriores com a UE.
No mês passado, Draghi deixou a porta aberta para se tornar presidente, dizendo a repórteres que era “um homem, se quiser, um avô a serviço das instituições”.
Ele também tentou dissipar as preocupações de que sua eleição à Presidência levaria a eleições antecipadas, dizendo que a estabilidade poderia continuar independentemente de quem liderar um futuro governo, desde que seja apoiado pela ampla maioria atual. Pelo ciclo normal, a eleição geral no país ocorreria em 2023.
Embora até agora não haja candidatos oficiais para a eleição presidencial, os ex-primeiros-ministros Giuliano Amato, Silvio Berlusconi e Paolo Gentiloni, a ministra da Justiça Marta Cartabia e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Pier Ferdinando Casini estão entre os nomes que aparecem frequentemente como possíveis candidatos.
Apesar dos poderes do chefe de Estado serem principalmente cerimoniais, eles se tornam cruciais durante as frequentes crises governamentais da Itália.
O presidente é uma força estabilizadora, nomeando primeiros-ministros e ministros escolhidos pelo premier, além de ter a palavra final sobre a dissolução do Parlamento. O presidente também pode rejeitar leis e decretos por motivos constitucionais.