Roma completa 2.777 anos neste domingo, 21 de abril. Mas qual é a história que envolve o aniversário da Cidade Eterna?
A data é cercada de mistério. As narrativas que conhecemos sobre o surgimento de Roma são provenientes dos romanos antigos, que raramente eram as fontes mais confiáveis: eles não estavam interessados em documentar o processo mundano de desenvolvimento dos assentamentos, mas sim em associar sua cidade a deuses, destinos e mitos para reforçar sua posição como a capital do Império Romano e legítima “capital do mundo”.
A lenda diz que Eneias, filho da deusa Afrodite e príncipe da condenada cidade grega de Troia, liderou os sobreviventes da Guerra de Troia pelo Mediterrâneo até a península italiana.
Tendo sido guiado pelos deuses e pelo destino até a costa sudoeste, o herói lutou contra um rei rival e casou-se com uma princesa local, ganhando o direito para os troianos e seus descendentes se estabelecerem.
Dois desses descendentes foram Rômulo e Remo, os irmãos gêmeos abandonados no Rio Tibre porque o rei reinante temia que um dia desafiassem seu trono. Os meninos sobreviveram graças a uma loba que os amamentou e a um pastor que os acolheu, antes de se tornarem bravos lutadores com ambições de fundar uma cidade própria.
A mitologia romana conta que os irmãos não conseguiram concordar sobre qual colina deveria ser o ponto de partida: o Monte Palatino, preferida por Rômulo, ou a Colina Aventino, desejada por Remo.
Os irmãos consultaram os deuses, cada um buscando um presságio que provasse que estavam certos: Remo afirmou ter visto seis pássaros promissores voarem sobre sua colina, enquanto Rômulo o superou dizendo ter visto 12.
Cada irmão insistiu e Rômulo começou a delimitar a nova cidade. Quando Remo ultrapassou a fronteira que ele havia traçado no chão, seu irmão (ou um de seus capangas) ficou tão enfurecido que o matou.
Rômulo fundou Roma na Colina Palatina e se tornou o primeiro rei.
Embora os historiadores contestem quase todos os elementos dessa história, essa é a versão que os romanos antigos contavam sobre sua cidade.
Eles também fixaram os eventos em um dia específico: 21 de abril, que é a data mencionada pelo poeta romano Públio Ovídio Naso em seu ‘Os Fastos’ (Fasti), um relato literário das origens de vários festivais romanos ao longo do ano.
Parece que os imperadores romanos cooptaram um festival agrícola anteriormente realizado em 21 de abril, que via pastores ‘purificando’ simbolicamente suas ovelhas em homenagem ao deus do gado, Pales.
Conhecido como Parília, o ritual fazia com que os pastores pedissem perdão por quaisquer ofensas acidentais que eles e seu rebanho pudessem ter dado ao deus, como invadir terras sagradas, depois faziam oferendas e finalmente pulavam através das chamas purificadoras de uma fogueira sagrada.
À medida que Roma crescia para uma metrópole, seus governantes repaginaram o Parília e o transformaram em uma celebração das lendárias origens de Roma como uma forma de unir os romanos por trás das identidades antigas e novas da cidade. Júlio César introduziu jogos; Calígula adicionou uma procissão dos grandes e bons da cidade.
Ao longo dos anos, 21 de abril passou de um festival agrícola para o imponente dies natalis Romae, ou ‘aniversário de Roma’.
Quanto ao ano do nascimento de Roma, os historiadores antigos o dataram como 753 a.C. (embora os arqueólogos tenham encontrado vestígios de assentamentos muito mais antigos na Colina Palatina e áreas circundantes).
Escrevendo no século I a.C., Marco Terêncio Varrão identificou esta data a partir dos registros disponíveis e a estabeleceu como o ponto de partida da cronologia romana: os anos foram posteriormente medidos ab urbe condita, ou ‘desde a fundação da cidade’, tornando 753 a.C. o ano AUC 1.
Essa linha do tempo fará com que Roma comemore 2.777 anos neste domingo, 21 de abril de 2024.
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