Andrea Bocelli critica governo italiano por quarentena e diz que não acredita no coronavírus
Unanimidade na Itália, o tenor Andrea Bocelli virou alvo de críticas por causa de suas declarações negacionistas a respeito da pandemia do coronavírus.
Durante um debate sobre a crise sanitária organizado por parlamentares de extrema-direita em Roma, o cantor se referiu à emergência como “a assim chamada pandemia”.
“Tentei me identificar com quem tinha de tomar decisões difíceis. Depois, tentei analisar a realidade e vi que as coisas não eram como nos contavam. […] Conforme o tempo foi passando, graças a Deus não conheci ninguém que tivesse ido para a UTI, então por que essa gravidade?”, questionou.
A reação não demorou a chegar.
“Gostaria de convidar Bocelli, a quem sempre apreciei como artista, a vir para Bergamo e Brescia quando quiser. Estou certo de que mudará de ideia sobre muitas coisas”, disse Luca Fusco, presidente de um comitê de familiares de vítimas da pandemia, referindo-se a duas das províncias mais atingidas.
Fusco já depositou dezenas de denúncias por negligência das autoridades na crise sanitária.
Com a repercussão negativa de suas declarações, Bocelli disse que foi “mal interpretado” e que não é um “negacionista”, mas sim um “otimista”. O tenor contraiu o novo coronavírus em março e chegou a doar plasma para uma pesquisa sobre tratamentos para a covid-19.
Especula-se que Bocelli se apresentou no concerto de Páscoa quando ainda se recuperava da doença.
Na Itália, mais de 246 mil pessoas foram contaminadas pelo novo coronavírus e mais de 35 mil foram mortas.
Negacionismo
O debate do qual Bocelli participou foi organizado pelo senador Armando Siri, do partido de extrema direita Liga, e pelo deputado conservador Vittorio Sgarbi, que não pertence a nenhuma legenda.
Apesar de a Itália ter sido o epicentro do coronavírus e deixado mais de 35 mil mortos, o debate foi marcado pelo tom negacionista dos envolvidos.
Sgarbi chegou a citar um suposto relatório do governo da Alemanha que diz que o coronavírus é um “alarme falso global”.
O documento reflete apenas a opinião de um único funcionário do Ministério do Interior e não é oficial.
O deputado ainda afirmou que “não é verdade” falar que o Brasil vive uma emergência – o país teve entre 19 e 25 de julho a pior semana desde o início da pandemia, com 319,4 mil casos e 7,7 mil óbitos em sete dias.