Reportagem diz que Itália tem excesso de corpos após coronavírus, e cadáveres chegam a ficar 24h em casa
Em meio a uma rede de esforços para conter o novo coronavírus, a Itália precisa ainda conviver com informações falsas sobre a situação que se encontra.
No inicio do mês, a CNN, a televisão norte-americana mais assistida no planeta, mostrou um infográfico onde todas as flechas direcionadas aos vários países partiam da Itália. Sugerindo, enganosamente, que o país foi o responsável pelo espalhamento do vírus no mundo.
Desta vez, a maldade vem do Brasil.
Itália tem excesso de corpos após coronavírus, diz a manchete apocalíptica da Folha de São Paulo, que já está entre as mais lidas do portal.
Leia um trecho da notícia:
Após 20 dias tentando combater o novo coronavírus, a Itália começa a enfrentar problemas além do superlotamento de hospitais e da falta de médicos e enfermeiros. Nas últimas horas, surgiram também dificuldades na gestão dos corpos das vítimas. Desde que a crise foi deflagrada, em 20 de fevereiro, o país já soma 827 mortes relacionadas à covid-19.
Além do maior número de corpos, que congestionam o serviço funerário de cidades pequenas, a remoção dos cadáveres que possam estar infectados tem exigido um protocolo de segurança específico. Por causa da possibilidade de contágio, somente agentes funerários especializados podem acessar o local do óbito, munidos de roupas, equipamentos e caixão de máxima proteção. Além disso, antes de serem transferidas, as vítimas devem ser submetidas ao teste para o vírus.
É verdade que o governo italiano está preocupado com o avanço de mortos nos últimos dias, que desde 20 de fevereiro somam 827.
Dizer que “surgiram dificuldades na gestão dos corpos das vítimas” é escrever sem conhecer a Itália, um país acostumado e preparado para enfrentar tragédias. Veja a histórico.
Naturalmente, uma pequena cidade pode ter dificuldades em seguir protocolos, e ter problema na gestão dos corpos das vítimas dos coronavírus, mas cravar na manchete que a Itália tem excesso de corpos, empilhados nos corredores, pode ganhar uma lista de adjetivos, mas prefiro usar “irresponsabilidade editorial”.