João Carlos Di Genio, que morreu em 12 de fevereiro de 2022 aos 82 anos, revolucionou a educação brasileira. Sua família veio da província de Salerno, na Itália.
Nascido em 27 de fevereiro de 1939 no município de Lavínia, interior de São Paulo, Di Genio era filho de Carmine e Maria Tozzi Di Genio. Seu pai era um comerciante nascido na pequena cidade de Gioi, na região da Campania, província de Salerno, na Itália, em 7 de fevereiro de 1901.
Ele decidiu vir ao Brasil para tentar a vida e acabou se estabelecendo e formando sua família no interior do estado de São Paulo, junto à esposa Maria Tozzi.
A mudança para São Paulo
Em 1961, a família foi morar na capital São Paulo, quando o filho João Carlos Di Genio passou em primeiro lugar no curso de medicina em duas faculdades.
Ao mesmo tempo em que cursava medicina na Universidade de São Paulo (USP), Di Genio começou a atuar como professor de Física no cursinho Nove de Julho. Na faculdade, ele tinha como colega de classe o médico, hoje nacionalmente conhecido, Drauzio Varella.
Em 1965, aos 26 anos, com muito idealismo e entusiasmo, os estudantes de medicina João Carlos Di Genio e Drauzio Varela e os médicos Roger Patti e Tadasi Itto fundaram um pequeno curso preparatório para as faculdades de medicina na região central da cidade de São Paulo.
O início do sucesso
O sucesso alcançado nos exames daquele ano pelos alunos preparados por aqueles jovens professores fez com que, já em 1966, o Curso Objetivo passasse a ser um dos mais conhecidos da cidade.
Com o passar do tempo, Di Genio e seus sócios abriram mais unidades do Colégio Objetivo e avançaram para o ensino superior em 1972, com a criação das faculdades Objetivo, que passaram a se chamar Universidade Paulista (Unip), em 1988.
O cursinho e o Colégio Objetivo se tornaram um dos grupos educacionais mais respeitados do país e a Unip se tornou a maior universidade particular do Brasil. Atualmente, são mais de 300 mil alunos de nível médio e 530 mil no ensino superior.
Neste ano, a Unip lançou o seu primeiro curso de medicina, com mensalidade de R$ 9 mil. Até 2017, a universidade era um negócio sem fins lucrativos.
A fórmula Di Genio
Di Genio estimulava o crescimento dos negócios de forma orgânica, sem depender de fusões e aquisições. Em 2008, sua empresa educacional chegou a receber uma proposta de compra pelo grupo americano Apollo por R$ 2,5 bilhões, mas ele não aceitou.
Menos de 10 anos mais tarde, em 2017, a Unip já faturava, por ano, o mesmo valor da proposta. A postura dele em relação aos negócios destoava do caminho seguido por outros grupos de educação privados, como Cogna (antiga Kroton), Yduqs (antiga Estácio) e o Grupo Ânima, que apostaram em aquisições para se consolidar e crescer no setor.
Música e comunicação
Di Genio também mantinha forte relação com a cultura. Ainda em 1972, ele criou o festival de música Fico (Festival Interno do Colégio Objetivo), que já tem 50 anos de história e revelou nomes da música como Rogério Flausino (Jota Quest), Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso) e Dinho Ouro Preto (Capital Inicial).
O conglomerado do Grupo Objetivo inclui ainda empresas de mídia, como as redes de televisão RBI TV, Mega TV, a extinta MIX TV e as rádios Mix FM e Rádio Trianon.
Os negócios do grupo cobrem todos os níveis de educação, da educação infantil à pós-graduação, e envolvem também a produção de material didático e softwares, utilizados não apenas na própria rede, mas em diversos outros centros educacionais.
O grupo possui também editora, gráfica e agência de publicidade, dominando todas as etapas do negócio em educação.
Criação de gado
Di Genio, que deixou a esposa Sandra Miessa e três filhos, também possuía negócios no ramo agropecuário. Ele era criador da raça nelore em suas cinco fazendas, a Fazenda Di Genio, em Pereira Barreto (SP), a Fazenda Aimoré, em Juti (MS), a Fazenda Águas Claras, em Iguatemi (MS) e as fazendas Maruins e Santa Maria, ambas em Machadinho D´Oeste (RO).
A mamma italiana
Essas conquistas são fruto do trabalho de décadas de uma família de italianos no Brasil. “Todos os dias minha mãe me entrega algum dinheiro trocado”, contou Di Genio, em entrevista de 2003, quando dona Maria já tinha 88 anos e ele já era um empresário bem sucedido, dono da rede de colégios Objetivo, da Unip, de redes de rádios e televisão.
Sua mãe morava com ele e talvez não enxergasse a dimensão do império que o filho ainda estava conquistando. Mantinha o espírito maternal de toda mãe, com o toque especial da mamma italiana, que certamente colaborou de várias maneiras em sua escalada de sucesso.
Por Roberto Schiavon/Italianismo (com pesquisa genealógica de Pierina D’Andrea)