O apoio de Antonio Tajani, líder da Forza Italia e vice-primeiro-ministro da Itália, à reforma das leis de cidadania causou um grande impacto no governo italiano. Tajani manifestou seu apoio ao “ius scholae”, proposta que concederia cidadania italiana a filhos de residentes estrangeiros que concluírem a educação no país, o que gerou tensões significativas na coalizão de direita que governa a Itália.
Durante uma entrevista à rádio RTL 102.5, Tajani defendeu a mudança na legislação, enfatizando que a Forza Italia, embora leal a seus aliados, não aceita ser controlada por eles. Essa postura desafiadora criou uma fissura entre a Forza Italia e os outros partidos da coalizão, especialmente os conservadores, como os Irmãos da Itália e a Lega, que tradicionalmente mantêm uma linha dura em relação à imigração e cidadania.
O apoio ao “ius scholae” representa uma ruptura importante na unidade da coalizão, aproximando a Forza Italia de partidos de centro-esquerda que defendem uma abordagem mais inclusiva.
A primeira-ministra Giorgia Meloni, líder dos Irmãos da Itália, está enfrentando dificuldades para manter a coesão entre seus aliados, especialmente em um momento político delicado que inclui a formulação da próxima lei orçamentária e a nomeação de um comissário europeu.
Tensões na coalizão
A proposta de Tajani de conceder cidadania a crianças que completam a educação obrigatória na Itália poderia beneficiar cerca de um milhão de jovens com cidadania estrangeira. No entanto, essa iniciativa foi prontamente rejeitada pelo líder da Lega e vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, que declarou que a reforma da cidadania “não é uma prioridade” e desconsiderou a proposta como uma “ideia exclusiva da Forza Italia”.
Embora a possibilidade de a reforma avançar no parlamento seja incerta, a posição de Tajani é vista como uma estratégia para reforçar a identidade pró-europeia da Forza Italia e atrair eleitores moderados. Ao apoiar o “ius scholae”, Tajani demonstra disposição para colaborar com outros partidos, inclusive os de centro-esquerda, distanciando-se das políticas mais radicais de seus aliados de coalizão.
Tajani deseja alterar regras da cidadania ius sanguinis
Tajani não se limita ao debate sobre o “Ius Scholae”; ele também propõe mudanças no “ius sanguinis”.
No final de agosto, em um evento em Bruxelas, o vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores fez uma declaração que surpreendeu os italianos ao redor do mundo, especialmente no Brasil, ao afirmar que é preciso “rever a concessão da cidadania por ius sanguinis”.
“Devemos ser mais severos na concessão da cidadania ius sanguinis para aqueles que, sobretudo na América Latina, apenas por terem um ascendente de origem italiana, pedem a cidadania somente para ter um passaporte”, disse aos jornalistas.
Detalhe: Tajani parece desconhecer a diferença entre concessão e reconhecimento de cidadania. Vale lembrar que todos os consulados e embaixadas italianas ao redor do mundo estão sob seu comando.