Nos últimos 15 anos, mais de 2 milhões de pessoas migraram para o norte
O sul da Itália enfrenta um sério problema de despovoamento, registrando mais emigração que imigração, de acordo com um estudo publicado na quinta-feira (1) pela Associação para o Desenvolvimento da Indústria do Mezzogiorno (Svimez), nome dado à região centro-sul do país.
O Relatório Svimez constatou que mais de 2 milhões de pessoas deixaram a zona entre os anos de 2002 e 2017. A maioria dos emigrantes, cerca de 50,4%, são jovens, sendo que 33% deles têm formação acadêmica.
Somente em 2017, foram embora da região centro-sul da Itália 132 mil pessoas, deixando um saldo de migração interna negativo em 70 mil. “Os fluxos emigratórios são a verdadeira emergência meridional”, disse o estudo.
O relatório também salientou que tem aumentado a diferença entre a retomada econômica na União Europeia e na Itália, acentuando ainda mais a desigualdade entre o norte e o sul do país. “Os sinais de desaceleração na economia da Europa na primeira metade de 2018 reduziram as previsões de crescimento para toda a região. Porém, a Itália está experimentando uma desaceleração que aumenta a diferença em relação à média europeia. Somos o único país, além da Grécia, que ainda não retomou aos níveis pré-crise”, criticou o Relatório Svimez. “Se a Itália desacelera, o sul sofre uma desaceleração ainda maior”.
Êxodo causa tragédia nos serviços públicos
O enfraquecimento das políticas públicas no Sul e a debandada de mão de obra qualificada tem um impacto significativo sobre a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos.
A lacuna nos serviços é principalmente devido à menor quantidade e qualidade da infra-estrutura social e abrange os direitos fundamentais de cidadania em termos de segurança, padrões adequados de serviços de educação e saúde.
No setor da saúde, por exemplo, já existe um déficit na oferta de leitos hospitalares. Enquanto que no norte há 33,7 leitos em hospitais para cada 10 mil habitantes, no sul, o número cai para 28,2.